Menina em cima de pilha de livros para contrastar com esta mulher que não arranja cabeça para ler.
Adenda, a posteriori:
Imagens empilhadas porque sim.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Ponto da situação
Ontem confessei a minha desistência de escrever um conto, abandonando assim um projeto, e agora recordo que há dias atrás publiquei um post onde anunciava que andava de volta de três (3) contos*. Pois bem, eu só abandonei um (1) projeto, restam dois (2). Um dos contos já está entregue, aguardo notícias da pessoa que encabeça o projeto, 'ah e tal eu amanhã leio e depois digo-te alguma coisa' respondeu ele quando lhe enviei a minha participação. Já lá vai uma semana e ainda não 'ouvi' nada. Outro é aquele projeto em que tenho de erotizar. Erotizar é um grande desafio, tenho dificuldade nessa área, já inclusive debitei considerações a esse respeito no blogue. Mas não estou a pensar desistir de erotizar, nem de me erotizar, ou tampouco de erotizá-los(as), nada disso.
*...
*...
Memórias e isso
Perguntei ao rico filho se ele já tinha visto a minha frase, ao que ele responde:
- Já, eu vi logo que eram coisas tuas...
Quis saber mais e fiz uma introdução acerca do que me estimula a veia literária e o resultado desse estímulo:
- Olha lá, rico filho, a mãe escreve ideias próprias, sem dúvida, mas, quem escreve, fá-lo para partilhar, por isso eu gostava muito que tu olhasses para a frase e entendesses qualquer coisa, seja o que for...
Ele olha novamente para a frase, lê-a e diz:
- Tens memória, deve ser isso.
Ok, vá, não está mal. O meu colega já me contou que houve uma senhora que olhou lá para cima, leu, abriu os olhos e depois franziu-os: 'aquilo quer dizer o quê?!', perguntou ela.
Espacinho
O rico filho está cá hoje. Quem trouxe o carro foi ele e chegada a hora de lhe achar poiso, o segurança da empresa ali assim disse que ele o podia pôr num espacinho estranho, desde que bem encostado, de modo a dar passagem às viaturas que porventura saiam da garagem durante o resto do dia. E o rico filho lá manobrou o carro, mediante as instruções, tão encostado ao carro do lado quanto possível, tanto que se quis sair teve de ser pelo lado do pendura.
Isto tudo é para dizer que o rico filho comparou este estacionar assim com o encher de prateleiras do grande supermercado onde andou a trabalhar há uns tempos. Lá era do género 'não deixar espaços vazios nas prateleiras, arrumar à Continente', disse ele.
Andar
Vá, agora vou andar na rua como se tivesse a mania que sou boa. Ombros para trás, peito para fora, barriga para dentro.
Hum, é mais fácil construir essa mania quando a temperatura está amena.
Almoço
Merenda servida de modo a comer de faca e garfo para não emporcalhar as mãos. Sopinha servida a escaldar para aquecer o corpo por dentro. Isto de segunda a sexta.
– Tudo quentinho, não é verdade...?
Pergunta o homem que serve às mesas, interessadamente e não raras vezes.
– Sim, se faz favor.
É uma senhora muito educada, muito composta, muito recatada.
– Sai uma sopa quente!
Grita ele para a copa, revertendo qualquer bocadinho simpatia que por ali houvesse...
Almoço
As 'migas estão à mesa dividindo a dose de dobrada com feijão branco. Não dividem um jarrinho de vinho. Qual quê. Era o que faltava. Vêm dois cálices para a mesa e pronto.
Almoço
Quando entrei no pequeno restaurante dei as boas-tardes a quem estava presente, como é meu costume, e houve um senhor que tirou o osso do coelho da boca para me responder.
Telefonema
Toca o telefone. Do lado de lá:
– Gina?! Fala Genoveva, mais conhecida por Vevinha. Eu sei que mandei guardar o vasinho e o pires e disse que ia aí depois buscá-lo mas é que quando saí de ao pé da Gina fui ali assim beber um café e depois à farmácia e entretanto pus-me na fila dos Correios e quando vim para cá a Gina já tinha ido almoçar. Eu até podia ir aí agora mas as minhas pernas estão pior do que cuspir na sopa e isso é muito feio. Mas fique descansada que eu vou aí amanhã, que isto não é assim, eu mandei guardar o vasinho e o pires, vou buscá-los. Até amanhã. Adeus.
– Adeus, dona Genoveva. Até amanhã.
A que vem depois
Olhe, eu preciso do serviço tal mas se vier cá uma senhora de cinquenta e tal anos, com o cabelinho muito curto e muito morena, diga-lhe que eu já mandei fazer, está bem?
Está bem, dona Conceição, se vier cá uma senhora de cinquenta e tal anos, com o cabelinho muito curto e muito morena, eu digo-lhe que a senhora já está servida.
|Sou boa de caras mas vamos lá a ver se tenho memória pra isto...|
Ouvir para escrever
Dona Genoveva a expressar-se condoidamente:
Ai a Gina para aqui a ouvir este meu falatório, coitada...
Gina a pensar resignadamente:
|Não faz mal, 'miga, eu gosto de escrever. Fale para aí, vá...|
Ai a Gina para aqui a ouvir este meu falatório, coitada...
Gina a pensar resignadamente:
|Não faz mal, 'miga, eu gosto de escrever. Fale para aí, vá...|
Roupeiro lindo da mamã
A minha sogra ofereceu-me um roupeiro que lhe andava pela casa aos rebolões.
Ela:
- Olha lá, tu queres?
Eu:
- Quero.
Então, não tarda, terei dois roupeiros de médias dimensões no meu quarto, acompanhando toda uma parede, e poderei ser muito feliz atafulhando-os com rouparia.
Já avisei o cônjuge: depois cada um de nós vai ter um roupeiro.
Se bem que tenho para mim que a divisão de espaços não será assim tão equilibrada... Em boa verdade, devido às trapadas:
Saia amarela, sem cós ou bainha, para fazer de saiote comprido. Portanto, e sendo o tecido fininho, quanto menos costuras e elásticos melhor. A ideia é a saia amarela fazer de saiote para dois vestidos: o amarelo claro e o cor de ferrugem.
Com o tecido amachucado e laranja fazer um corpo de manguinhas curtas, o qual unirei àquela saia fluorescente que fiz o ano passado e tão poucas vezes usei.
Vestido amarelo&verde: a direito, o mais possível. Guarnecer ombros, peito e bainha com grega verde escuro.
Vestido vermelho: manga quimono; saia godés. Corpo na horizontal, saia na vertical.
(Pesquisar onde já apontei uma ideia...)
Saia creme: enviusada, sem fecho nem nada.
Vestido rosa&salmão: corpo vintage, saia larga, botões ao lado.
Reformulárium. Tecido Vestido rosa&salmão: direito, grande gola drapeada, manga curta, laçarote nas costas.
Tecido de fundo preto com flores garridas, confecioná-lo com aquele modelo dos folhinhos, aquele muito antigo, que é giro que se farta.
Segunda hipótese: corpo com decote em vê e apanhado de franzido mesmo no bico, manguinhas de balão; saia rodada com grandes pregas na cintura.
Tecido amachucado e cor de ferrugem: corpo justo + duas saias godés de diferentes comprimentos. O tecido aguenta, que é leve. Sei que parece uma tolice mas é isso mesmo o que quero dizer, o tecido sendo leve aguenta o peso de duas saias, ou seja: não fica um vestido pingão nem nada disso.
Tecidos rosa e fundo preto com bolinhas rosa: corpinho em rosa, no modelo de decote em bico e saia às bolinhas, de largas pregas. (Forrar a saia, é preciso.) Retirar ambos os modelos da revista Burda mais recente → fevereiro/2014.
A usuária*
Como é o seu nome?
(…)
Gina?!
(…)
Tem um nome bonito, condiz com a dona.
*Dum nome bonito
(…)
Gina?!
(…)
Tem um nome bonito, condiz com a dona.
*Dum nome bonito
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
E agora termino...
… Com fotos tiradas durante o percurso Lisboa – Amadora – Lisboa, o qual fiz de mota. Devo dizer que é difícil que se farta clicar no botão da máquina com aquelas luvas grossíssimas postas nas mãos, oh céus, mas arranjei umas vistas giras.
Vintage & Empoeirados
Além de vintage e empoeirados não me ocorre dizer mais nada senão que alguns cavalheiros usam bigode e algumas damas pintam os lábios de vermelho.
A língua
Ler é como beijar, nota-se na língua e mais não sei o quê..., diz na imagem.
Eu cá até nem por isso: leio duas páginas por dia devido à falta de concentração que me caracteriza e como falo poucochinho, não se nota nada na minha língua.
...
Isto falando exclusivamente no ‘ler’, claro.
À tarde
Já várias vezes fiz referência à avenida Manuel Damaia por ser tão quentinha por volta das duas da tarde, e isto mesmo no pico do inverno, fase que se vive ao momento. Hoje voltei a pensar nisso quando lá passei por essa hora. Lugar quente no inverno? Tentem esta avenida, em Lisboa. Tão bom passear por lá.
Olá, boa-tarde!
Agora é da parte da tarde. Venho dizer que desisti de continuar o conto, o que no fundo, e apoiando-me nas palavras de há pouco (ver post anterior), me estupidifica, mas ressalvo que me estupidifico com uma estupidez conscienciosa.
Vejamos:
este projeto integrará uma coletânea de apenas 10 contos, logo:
haverá critérios de escolha,
então: se o meu conto fosse escolhido... coiso, era fixe,
mas: não me sinto de bem com a minha consciência porque não me esforcei, fui preguiçosa.
Desisto.
Olá, bom-dia!
Repito que escrever acerca do que não me apetece é do mais triste que há.
E digo que desistir do desafio de escrita é do mais estúpido que há.
Estou a esforçar-me pra caraças... Restam-me cerca de trinta e sete horas, durante elas tenho de trabalhar, comer, dormir e terminar a porra do conto.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Ponto de situação
(Ainda) Escrevo como se fosse muito importante. Para mim é tão vital como respirar, tão elementar como matar a sede, tão prazeroso como a brisa do entardecer estival e mais uma catrefada de comparações tão lógicas que mais parecem poesia feita à pressa. Escrevo como se fosse muito importante e é assim que tem de ser, não me sinto errada.
Porém, nos últimos dias tenho alongado as minhas histórias, os meus projetos literários, tentando torná-los importantes como eu sei que sei fazer, e voltei a lembrar que os dias em que forço a escrita são do mais triste que há.
Quando acontecem estes momentos infelizes e é forçoso escrever, lembro um livro que li há uns anos onde o autor aconselha expressamente que (eu)...
«Escreva por nada e para ninguém em primeiro lugar. Escreva porque tem de escrever. Escreva porque existe uma verdade que tem de ser lançada no papel. Escreva apesar da sua letargia, desespero ou dúvidas. Escreva porque não sabe como escrever, porque não sabe em que acreditar..
Depois escreva para si, pelo prazer que lhe dá. Escreva porque ama a língua, porque ama a fantasia, porque ama a liberdade de criar um mundo para além do alcance dos outros.»
'Como Escrever um Romance e Conseguir Publicá-lo', Nigel Watts
«Escreva por nada e para ninguém em primeiro lugar. Escreva porque tem de escrever. Escreva porque existe uma verdade que tem de ser lançada no papel. Escreva apesar da sua letargia, desespero ou dúvidas. Escreva porque não sabe como escrever, porque não sabe em que acreditar..
Depois escreva para si, pelo prazer que lhe dá. Escreva porque ama a língua, porque ama a fantasia, porque ama a liberdade de criar um mundo para além do alcance dos outros.»
'Como Escrever um Romance e Conseguir Publicá-lo', Nigel Watts
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Tumulto
Tenho de ir ali assim tratar dum assunto. Enquanto ando pelas ruas de Lisboa vou tentando recordar as questões que me levam a tal sítio. Só pra que se saiba: tenho 3 (três) telemóveis dentro da mala. Pronto, ok, vá, a minha vida não é tumultuosa, talvez fosse se efetivamente me recordasse dos motivos exatos que me levam ali. É um lugar que sei muito bem onde fica, então: não me perderei pelas ruas, saberei lá chegar, quer a direito quer dando voltas, mas não me lembro do que vou fazer. O tumulto reside aí, mas como não me lembro... A minha vida é uma planície deserta.
Tumulto
Entrei no lugar da musa de chapéu-de-chuva pela mão, não quis deixá-lo no pote, que já me roubaram um. Sentei-me. Não consegui arranjar concentração para ler. Então: pus os cotovelos em cima da mesa, apoiei a cabeça nas mãos e com esse gesto dei um pequeno toque na pega do chapéu, o qual deslizou e embateu no chão. Levantei-me disposta a apanhá-lo mas deixei escorregar o cachecol que anteriormente instalara no colo e, não bastando isto, o dito cai na poça de água que entretanto o chapéu tinha formado no chão. Sim, bem sei que a minha vida dista um bocado do tumulto, parece uma planície onde nada acontece.
O quadro...
… É algo assim: olho esquerdo e meia testa na horizontal + lábio e nariz cortados pela metade direita. Saberei escrever algum dia. Pergunto.
Meias
Noutro dia tinha 'angels' a calçar-me os pés. Andei um dia inteiro nesses preparos. Num outro dia tinha estrelas a calçar-me os pés. Mas estrelas mesmo, nada de letras nem isso assim. Estrelinhas de duas cores em fundo preto. Sem letras. Não sei escrever.
Estupidez na capital
(Parece que) Há estupidez em Lisboa...
Recorte retirado do jornal Expresso do Oriente de janeiro/2014, o qual é distribuído gratuitamente.
Recorte retirado do jornal Expresso do Oriente de janeiro/2014, o qual é distribuído gratuitamente.
Perdido & Achado
Num dia estava em cima do muro, húmido pelo dia nublado. No dia seguinte estava em cima do muro, completamente encharcado pela chuva insistente. No dia a seguir ao dia a seguir não passei por lá pela razão desinteressante. No dia a seguir aos três dias anteriores não estava lá nada. Oh.
Namoro
Não muito longe de onde está a minha luva dependurada e inerte, há um anel de bijutaria, lindo, dourado e guarnecido com uma pedra simplória, que quero para mim. Estou tão enamorada...
Em preto
Vi a minha luva. Só podia ser a dita, era preta e tinha borbotos. Mas só uma. Alguém a encontrou e a depositou no gradeamento do centro comercial. O engraçado é que deixei as duas penduradas nos ramos duma árvore depois de ter tirado as fotos ao momento. Larguei duas luvas pretas com borbotos nos ramos duma árvore. Duas. Onde está a outra. Pergunto.
Hoje
Ontem
Tirei esta foto ontem. Queria que parecesse um susto vivo, que só de olhar horrorizasse, e horrorizasse qualquer um, estupidamente, porque estar debaixo da A8 é de facto assustadoramente estúpido, cada carro que ali passa faz parecer que a ponte desabará em cima da gente no segundo a seguir, tal o estrondo que faz em cima das junções. Mas não. Nada. Não acontece nada.
Póvoa de Santo Adrião, 27 de janeiro de 2014 |
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Fechar
Empurrar gavetas com a anca e portinholas com o calcanhar parece ser o meu forte. Em certos dias, quero eu dizer.
Mesmo
Passei no lugar da musa mais ou menos à hora do costume. Mas não entrei lá dentro, ia de carro.
Avenida de Roma
14:32
11º
Avenida de Roma
14:32
11º
Viagem
Entrei no carro, rodei a chave e o radio ligou-se automaticamente. Nada de novo, bem sei, é sempre assim e é para ser assim. Rep no comando, portanto: rico filho foi o último condutor da viatura. Rep é ganda som, é sim senhores, mas eu cá ouço duas ou três músicas e canso-me. Procurei uma estação de Radio mas não ouvi nada que me alegrasse. Oh céus. Agarrei-me aos cds, esperançada. No molho havia um que dizia 'rumo a Itália'. É um cd gravado em casa, com uma escolha musical variada, de modo a agradar aos viajantes, aquando das férias em Itália e outros pontos da Europa que fizemos o ano passado. Ora vamos lá recordar, pensei eu. Introduzi o cd e guess what... i am not a robot... Já não ouvia isto há um tempo… Levantei o volume pra e vim a curtir o som, cantarolando os versos que sei de cor.
Reunião
De manhã fui a uma reunião com a diretora de turma do rico filho. Íamos atrasados, culpa do rico filho, que tem a mania dos penteados e mais não sei o quê, e assim que chegámos lá e avistei a senhora doutora desfiz-me em desculpas. Vai daí, diz ela assim:
– Eu antes vou só ali beber um cafezinho, não se importa?
domingo, 26 de janeiro de 2014
Vida
Written on these walls
Are the colors that I can't change
Leave my heart open
But it stays right here in its cage
The story of my life I take her home
I drive all night to keep her warm and time
Is frozen
Are the colors that I can't change
Leave my heart open
But it stays right here in its cage
The story of my life I take her home
I drive all night to keep her warm and time
Is frozen
Despertador
Chegou a hora de o despertador tocar. No radio cantava a Katy Perry, incondicionalmente, enquanto o telemovel soprava uma musica fininha, como um tinóni sem aflição.
Despertador ao domingo, pois, é assim a vida do pobre...
Mãos*; 2º milénio; ano 13
Quando falei em *mãos era disto que estava a falar.
«Há as minhas mãozinhas, os meus pezinhos, os meus cabelinhos. Há joias e adornos de pechisbeque. Há unhas pintadas de vários tons. Há unhas ao natural. Há eu na praia. Há eu e as flores. Há eu e os bolos. Há eu de cara e corpo. Eu. Eu bebé. Eu criança. Eu menina. Eu mulher.»