sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Há um ano era assim (7 agosto 2014)

Eclético

Eclético. De novo. Pois. Post eclético.

Sonhei com o cão mau.
Sonhei com o botão das calças.
Sonhei com o meu penteado.

Dia de (disseram na Radio). Hoje é Dia de Não Fazer Nada.

Quero ir ao lugar da musa. Por favor. Preciso.

'Eu não quero viver. E tu?!' Hoje é o dia de não fazer nada, o que liberta o jugo da frase. O drama. A tristeza. A inércia. A astenia.

Quero ir ao lugar da musa. Tanto e tanto.

Tenho de dar conta dos papelinhos mal-amanhados. Não há luz no estaminé, estou a escrever nos papelinhos. Não há luz. No estaminé. Andam uns senhores a repor cabos elétricos debaixo do chão. Ontem esburacaram o chão, também não houve luz durante um bocado mas eu não estava cá.

A luz chegou. Oh céus. O relógio por onde sigo as horas diz que é meio-dia, o pc diz que são dez e vinte e seis.

Meio-dia e quinze. A vizinha quer saber quantos graus estarão. Maria Francisca quer saber se o andar por cima de mim ainda está à venda.

Se eu puder vender um pente a uma cliente exigente, vendo. Às vezes lá me acontece cair em graça perante um cliente ou outro mais chatinho e isso assim.

A avenida tem lugares de estacionamento vazios. À barda. É o agosto em Lisboa.

Café bombástico no lugar da musa. Alfim. Que saudosa estava. Conto oito dias hoje desde que não.

Iniciei a leitura de um outro livro: 'Gostamos Tanto da Glenda', Júlio Cortázar. Ofereceu-mo o Luís naquele dia em que tínhamos ido visitar por dentro e por fora o Aqueduto das Águas Livres de Lisboa. Havíamos saído do restaurante, já no fim do passeio todo, e ao descer o Chiado entrámos na Livraria Bertrand e... Coiso. Escrevi assim na folha morta:
Livraria Bertrand; Lisboa – Chiado, 12 de julho de 2014. Oferecido pelo Luís por alturas dos meus 46 anos. (tinha feito no dia anterior)
A capa deste livro tem uns lábios em desenho, vermelhos e com boa forma. A ideal, quiçá. Pergunto onde irão as pessoas que fazem capas de livros buscar inspiração. Pronto, ok, vá, a pessoa projetou esta capa e escolheu uns lábios para ilustrar o título, mas como saber que é aquele desenho, como saber se está bem assim, como saber que está pronto a publicar...?

Sinto-me sozinha (ainda não pequei no livro). Aqui, no lugar da musa, ali, algures, em casa, na rua, no café. Preciso de atenção mas desprezo quem ma dá.

Tenho a minha mala cheia de riscos. Tenho a minha bolsa de dentro cheia de riscos. Tenho a minha carteira cheia de riscos. De tanto ir buscar a caneta, de tanto rabiscar, de tanto guardar a caneta.

Lá no lugar da musa (ainda não pequei no livro) diz uma senhora que lhe sai bem a musse de chocolate e só a musse de chocolate porque é o único doce que faz com alma e por isso lhe sai bem, tudo o mais fica sem jeito nenhum.
Amanhã tenho de fazer arroz-doce, não faço desde o Natal, e ultimamente tenho pensado à brava nesse sabor e textura. Que saudades.

A minha máquina fotográfica morreu ontem à tardinha. Oh. Ia tirar uma foto toda gira ali pra cima no Bairro da Bela Vista e pumba, a dita não quis focar e aparecia um dizer que dizia para desligar a máquina e a voltar a ligar e eu fiz isso uma data de vezes mas népia, ela já não vive, ou por outra: vive para dizer que a feche a volte a abrir. Tem de ir novamente parar às mãos do senhor doutor das máquinas fotográficas. Se for um bom médico ficará fina.
Já precisei da máquina para tirar fotos a uma embalagem de desodorizante a que retirei a papelada e portanto a despersonalizei. Mais uma embalagem, quero eu dizer, era para fazer conjunto com a outra, para dizer assim: olha, vês, mais uma embalagem e tal e tal.
Agora a sério: quando me faltar a bateria no telemóvel como raio vou ver as horas, pá?!

Palavra que nunca sei o que significa paulatina (já iniciei a leitura do livro). Pelo contexto dá a ideia que é algo como que a progredir e assim. Tenho de ir ver ao dicionário.
Paulatino: que é feito devagar, lentamente, aos poucos. Fonte: Priberam ponto pê tê.

Não consigo ler. Sério, afinal não consigo ler. Interrompo constantemente a leitura para rabiscar as minudências do costume.

Não sei escrever. Se soubesse já tinham dado pela minha falta na blogosfera.

Adeus lugar da musa. Segunda-feira estou cá, 11 de agosto.

A árvore amarela estava no lugar dela. Não está igual, tem o verde menos vívido, o verão está a passar, o calor altera-lhe a cor a pouco e pouco (paulatinamente...? sim! paulatinamente). Lá estava o velho sentado no meu banco, sem boina, por causa do dito calor.
As folhas das árvores da rua a seguir estão pigmentadas de amarelo e castanho. Um dia desses cai a mola que preguei na oitava árvore. Tomara já, a ver se invento outro assunto qualquer, que este está a enjoar-me.

Quando há pouco disse que não se dá pela minha falta na blogosfera, lembrei-me que há por aí uma frase (creio que do Picasso) onde se diz que o verdadeiro artista é aquele que provoca asfixia e grande abalo nos seus seguidores e admiradores em caso de desaparecimento ou de não aflorar de obra nenhuma durante muito tempo. Nunca conseguirei tal façanha, sou uma artista de brincar. Ninguém dá pela minha falta. Eu já tinha dito que ninguém dá pela minha falta…? Pronto, então é isso.

Também tenho riscos na minha carteira mas esses foram deliberados. Circundei os altinhos que a carteira tem, é a textura dela, pronto, por modo a descortinar facilmente qual o lado que tem a pen e os cartões e qual o lado que tem o pilim. Desenhei como que um pê mas não se nota nada que é um pê.

Amanhã estarei de férias. É dia de desincrustar uma quarta parte da minha cozinha. Desta feita tratarei da segunda parte, portanto ficam a faltar duas. Esta é a pior parte, a mais gordurenta. Esquentador. Fogão. Exaustor. Armários, por dentro e por fora.

Está boa? Os miúdos, estão bem? Então e o cão?
Estou tão triste. Vou morrer. Estou a avisar.

Todos os dias visito o blogue para saber se não me enganei e tenha inadvertidamente publicado algum rascunho, não vá o rato escorregar e o dedo clicar no quadradinho errado. Mas não, até agora está tudo certo.
O último post que publiquei diz assim:
'Telegraficamente: sos.'
Estava a pedir socorro, na verdade ainda estou, a menos que retire esse post.

Dupliquei uma chave a um cliente, o que não surpreende ninguém. Essa chave vai para cento e cinquenta quilómetros daqui, exclama ele, com uma felicidade tão infantil que me comoveu, ele desconhece totalmente quão habituada estou a 'distâncias' do género, portanto não me surpreende.

Senhor Adeodato, avie-me trezentos gramas de amêndoa em pó, por favor.
Já está no saco. Amanhã... Ai amanhã...

Vou fazer aquele vestido cor de ferrugem num tecido amachucado. A parte de cima será drapeada à frente, liso atrás, manga quimono, saia godés em oito partes.
Por curiosidade pesquisei em que moldes já idealizei esse tecido e o coloquei no blogue...
«Tecido amachucado e cor de ferrugem: corpo justo + duas saias godés de diferentes comprimentos. O tecido aguenta, que é leve. Sei que parece uma tolice mas é isso mesmo o que quero dizer, o tecido sendo leve aguenta o peso de duas saias, ou seja: não fica um vestido pingão nem nada disso.
31 de janeiro de 2014»

Eu estava a levantar as minhas sobrancelhas e passou um senhor na rua e olhou para mim e levantou as sobrancelhas dele.

Amanhã estou de férias. Olaré.

Olaré é sinónimo de olarila. Olaré existe neste corretor ortográfico, olarila também. Olarila estava num excerto do livro que deixei para trás há uns dias: 'Retrato do Artista quando Jovem', James Joyce. Estava lá, ainda li esse pedaço. Pensei em tirar uma foto ao texto, em crescendo, gira e mais não sei o quê mas a minha máquina fotográfica morreu e o telemóvel é uma peça que me chateia manusear.

Amanhã estou de férias. Conto escrever umas coisitas, deixo o pc ligado e pumba, vá de debitar minudências.

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