Colhi um pezinho de lavanda. Daquele gradeamento saíam muitos e muitos pezinhos de lavanda. Naquela rua, a mais bonita de Lisboa, há muitos gradeamentos mas nenhum tem pezinhos de lavanda a sair de dentro do quintal, como aquele. Depois, o que fiz foi entalar o caule entre folhas do meu bloquinho rudimentar, apertá-lo com a mola que segura os meus papelinhos amorosos, e rudimentares, e agrafar três vezes em cada margem. A ideia principal é perfumar o interior da mala, uma vez que é aí que o meu bloquinho rudimentar passa a vida. Nuns certos dias há meninas que me oferecem uma tirinha de papel com amostra do perfume que é notícia na perfumaria da avenida. Quando assim é, coloco-a dentro da mala para perfumá-la e o certo é que a perfumam. Tenho esperança que o pezinho de lavanda faça o mesmo que uma tirinha pulverizada com perfume bom, se bem que logo ao início a esperança era maior. Ao momento, o mais que o pezinho está a fazer é olear os papelinhos, destila um óleo peganhento que exala um ligeiro odor a lavanda. Bom, seja lá como for, vai ficar como e onde está mais algum tempo, esperando eu dias mais perfumados dentro da mala.
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