quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A menina

Anteontem, no passeio das sete com a cadela, uma menina veio ao meu encontro perguntando se o cão mordia e como eu respondi que não, ela perguntou se podia fazer festinhas, ao que anuí. Vi-lhe os olhos tão azuis. Puros, infantis. Antes assim, obviamente. Foi tão bom. Não sei como é com a outra gente mas eu gosto tanto de descansar a minha cabeça em atitudes infantis, como que inspirar profundamente, se possível fingir que inspiro o mesmo ar para continuar a fingir que fico como as crianças.
Era uma menina muito comunicativa, tanto que sem me conhecer me contou que a família adquirira recentemente dois cachorros, um deles era assim, fazia a medida com as mãozinhas, era pequenino, portanto, mas não ia crescer muito, e como não ia crescer muito puseram-lhe o nome de Golias para quando crescer tudo e ficar adulto, fazer graça às pessoas que lhe perguntarem como se chama.
'Então vai ser um cão irónico', disse eu.
'Sim', respondeu simplesmente, e acenando com a mão disse 'adeus!'

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