No programa Bairro Alto (passa na rtp2 aos sábados, às 21:30) em que a convidada foi a escritora Marlene Ferraz, o José Fialho Gouveia perguntou-lhe se era verdade que ela queria fixar na memória como era ser criança, para nunca por nunca esquecer essa sensação. A entrevistada respondeu que sim e depois desenvolveu um bocadinho o tema.
E eu quero registar que ‘sofri do mesmo mal’, lembro-me perfeitamente de andar a brincar com o cão e as bonecas e no meu íntimo perceber que a minha vida não ia ser uma brincadeira infinitamente, que um dia crescia e não ia ‘poder’ brincar sem parecer desajustada com a normalidade. Por isso quis eu também guardar a sensação de ser criança dentro da cabeça, mas guardar o sentir, como se fosse um cheiro memorativo, colocá-lo num cantinho da memória e ir lá inspirá-lo sempre que me desse a saudade. Chegada á juventude continuei com o mesmo desejo. Aos vinte e aos trinta e aos quarenta idem. Hoje, ainda. Quero guardar este cheiro d' agora para o lembrar quando a minha vida já não for nada disto. Gosto de memórias e pronto.
Nota:
O programa pode ver-se aqui.
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