sexta-feira, 14 de junho de 2013

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A dona Constança é uma mulher muito assustadiça. Andou na guerra do ultramar, fugindo pelo mato, ouvindo tiroteio, sentindo a eminência da morte, o terror e toda a espécie de aflições que não consigo sequer imaginar como será senti-las. Tanto que deu um pulo enorme e gemeu imenso só porque entrou uma folha seca loja adentro, resultado da brisa d’ hoje. Brinquei com o caso e tal…
- Ó dona Constança então tem medo duma folha tão pequena?
… Não para gozar com o pânico da senhora mas para ajudá-la a não dar importância. No entretanto desta conversa ouviu-se um estrondo enorme porque caiu um objeto cheio de pontas e bicos e que estava suspenso no teto, o fio que o prendia havia-se quebrado e pumba, chão, barulho e quês. A dona Constança pulou outra vez, mas mais, muito mais, arfou e assim, mas ainda mais, muito mais que antes, e eu encolhi-me um bocadinho, coisa pouca. Ela disse…
- Ai Gina, estás a ver? Ainda dizes que não posso assustar-me!
… E eu fiquei embasbacada a olhar para o teto porque tinha saído daquele lugar cinco segundos antes.
Depois dito tudo e para ser positiva: se eu tivesse continuado ali por mais uns momentos e levado com o aglomerado de ferro na tola este post não existia nem este blogue se apresentava assim e este meu aspeto magnífico estaria descomposto.

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