quinta-feira, 21 de março de 2013

Mudança

Encerraram o banco da dona Carminda e puseram-na como colega do Ricardo Araújo Pereira (enquanto bancário). Decerto passa o dia a rir neste seu novo lugar de trabalho, de tão engraçado que é o RAP (mesmo enquanto bancário, que o humor dos humoristas é algo impossível de ser erradicado).

Não, é tudo mentira. Relato mentiras, as verdades não têm interesse, não fazem rir, das verdades não se retira o que a vida tem de melhor. Nem a dona Carminda é assim, nem mudou de morada. O RAP não é bancário, a dona Carminda afinal até nem existe, fui eu que a inventei. Inventei-a bonita e puta em simultâneo para me espevitar a maldade. O RAP é bancário, qual humorista, qual quê. O RAP é bancário. Aquele RAP é bancário. Inventei um RAP bancário para me espevitar a malícia. A dona Carminda, a existir, não acharia a menor graça ao RAP, as gajas não se riem das piadas dum gajo que ganha a vida a troçar do seu semelhante.
Vivo num mundo à parte, inventei-o eu. Até aí tudo bem, ademais: pra que é que isso interessa? Mas alguém precisa de saber como é o mundo que inventei? O chato é quando vejo o mesmo que o resto do pessoal, porque se me cessou a bagunça cá por dentro, ou porque abri os olhos, ou porque deixei penetrar uma nesga do mundo real, grande, imenso e ao qual não pertenço, e verifico que afinal é muito mais apelativo e interessante que o meu e que há nele curiosidades que não saberei (d)escrever jamais.

Sem comentários:

Enviar um comentário