quinta-feira, 21 de março de 2013

Inha, ou isso

Subi a avenida numa Lisboa fria pra caraças com o intuito de receber uma faturinha. Gosto de dizer faturinha para dar a ideia que ganho poucochinho, antes que apareçam invejosos por aqui. Mas dizia eu, subia a avenida, o frio era tanto que se eu abrisse a boca se me congelava a língua. Subi, subi, e eis-me chegada ao destino, um estabelecimento de restauração grandioso, um dos mais conhecidos de Lisboa, quiçá do país inteiro. Dirigi-me ao balcão de cima e perguntei pelo senhor Manuel da Silva, o tal que me daria as parcas notas. 'Ah, isso é lá em baixo!', responde o interpelado.
Isso.
Isso é lá em baixo.
Eu vou procurar uma mesa...?
Não.
Uma cadeira
uma vela
um ramo de flores de plástico
uma jarra de vidro trabalhado
um televisor
uma toalha com relevos...?
Não.
Desci a glamorosa escadaria, tem tapete vermelho e tudo, chego cá abaixo e vejo muitos manuéis da silva ainda em repouso, antes da faina, portanto, que aquela era uma hora morta, todos me olham, nem todos me querem, estico o dedo e escolho um, o Manuel da Silva. Passa pra cá as notas, 'migo, isso mesmo...

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