Estou prestes a terminar a leitura do livro do momento ('Gostamos Tanto da Glenda', Julio Cortázar) e devo dizer que agora estou a encontrar contos que entendo (é um livro de contos) e de onde retiro proveito, sendo que dois desses contos me entusiasmaram sobremodo. Num deles (Graffiti) o autor põe duas personagens a contracenar por meio de desenhos que fazem nas paredes, sem nunca se encontrarem, apenas se avistando de longe e atuando sempre escondidos, como se por algum motivo não pudessem encontrar-se e falar abertamente. É uma paixão imensa que desafia as leis, a destes dois, uma vez que é proibido desenhar nas paredes, a história mete Polícia, prisão e tudo. Achei fantástico este conto, fez-me lembrar um pouco a minha história com frases na parede, principalmente a primeira (de duas), uma pergunta que deixei escrita numa parede e que me fez sofrer tanto como vibrar com a possibilidade de alguém responder. Ressalvo que a expetativa em que me encontrava era febril. Tudo debalde, claro, nunca ninguém respondeu. Aos dias de hoje, que já contam dois anos e uns bons meses sobre essa minha rebeldia (oh, rebeldia! bah!), a frase está muito esbatida, qualquer dia apaga-se de vez sem que ninguém tenha respondido, o que lamento deveras. O outro conto (Histórias que me Conto) também o li interessadamente, trata-se dum homem que imagina histórias mirabolantes, que as protagoniza dentro da sua cabeça, muito ao estilo da personagem Walter Matty (do livro 'A Vida Secreta de Walter Matty', autor: James Thurber) Aliás, é facto que o tradutor faz referência ao livro, quando não jamais eu saberia que este livro existe. E agora o mais engraçado: aquando da leitura desta passagem, onde o autor faz referência à personagem fictícia Walter Matty, o destino quis que eu tivesse visto esse filme no dia anterior. Sério. Fiquei como que ligada ao mundo da literatura e do cinema, ainda que sonhadoramente, quero lá saber.
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