Comprei umas sandálias. Enquanto me mirava ao espelho, uma senhora que cirandava pela sapataria acenou com a cabeça, em concordata silenciosa, tanto quanto ao modelo que eu escolhera como ao modo como me assentavam nos pés. Sorri-lhe de volta, enquanto eu, cheia de rudeza e teatralidade, lançava as velhas sandálias na caixa das novas, e lindas, sandálias. Vão já nos pés, murmurei. E foram. Depois disse à moça da caixa: olhe, pode pô-las no lixo, por favor, veja lá, se achar que enchem demasiado, eu levo-as, mas se puder deixá-las cá, agradeço.
E pronto, foi assim que saí da sapataria com umas sandálias novas nos pés e de mãos a abanar, sem caixa de cartão e sem sapatos velhos e incapazes. Tão bom.
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