segunda-feira, 27 de julho de 2015

Post nas horas

14:01
Rico filho deixou mãe em rotunda ali assim mesmo próximo de hospital português.
14:10
Mãe espera rica filha que virá em camioneta lenta. Mãe ouvirá ronco e saberá que rica filha vai apear-se dois minutos depois.
14:12
Mãe nota que está rente a edifício de infecciologia, sentada em banco de jardim, de parque, de paradeiro, mãe sabe lá. O que mãe sabe, e lembra, é que é àquela hora que se senta em lugar da musa para beber cafezinho e depois se desloca até árvore amarela para admirá-la e sentir sentimentos tão bons. Mas mãe está em hospital português, rentinho a edifício de infecciologia e espera rica filha que vai chegar em camioneta lenta e com ronco.
14:15
Rica filha desce de camioneta que já chegou, lenta, e roncou. Rica filha apeou-se dois minutos depois disso tudo. Mãe prevê futuro. Mães sabem coisas antes de acontecerem coisas.
14:46
'Exames a decorrer. Por favor mantenha silêncio. Obrigado.' Ausência de vírgulas. Uso de ponto final em vez de. Recado\aviso\pedido telegráfico. Escrever telegraficamente... Ao tempo que mãe não redige ideias dessa maneira. Saudades. Hum. Ligeira alteração: 'Estão a fazer cenas maradas às pessoas, é favor calar a boca, ok?'
14:50
Mãe apercebe-se de modo incrivelmente gracioso com que envolvem caixote de lixo com saquinho preto, tem nó, tão certinho.
14:51
Puto irrequieto empurra carrinho de mano-bebé. Calma, carrinho é vazio ao momento. Não desastradamente, portanto. Mário, nome de puto. Mãe (de puto) chama-o. Só falta(va) puto irrequieto vir perguntar a mãe que escreve ela. Só que não.
15:16
Amor pulula em hospital português. Parzinho em lado direito; parzinho em lado esquerdo. Longos beijos em bocas; longos abraços em troncos.
15:21
Amores foram embora de hospital português. Quatro pessoas abandonaram local. Não mais me-me-me em sofás quadrados. Favor ler me-me-me com é fechado, outra vez, então: me-me-me.

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