Quando estava a fechar o estaminé vi vir ao fundo da rua uma senhora. Reconheci-a e pensei, vou lá chegar antes dela. É que isto de a gente trabalhar anos na mesma zona faz-nos ver os bairros de uma grande cidade assemelhar-se a uma aldeia onde toda a gente se conhece. E nem é preciso haver grande lidação para se reter os costumes de pessoas que nem sempre conhecemos profundamente. Era o caso, eu sabia de antemão que a dita senhora se dirigia para o restaurante onde eu também almoço diariamente. Cheguei efetivamente antes dela, mas muito antes do que pensava, quando ela chegou já eu tinha meia dúzia de garfadas de arroz de pato no bucho. O marido esperava-a, já sentado na mesa, com aquele olhar ausente tão próprio dos velhos, mas mesmo velho, é cavalheiro e leal, esperando pela esposa até que esta chegue.
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