terça-feira, 16 de junho de 2015

A vista é linda

A vista é linda, oh se é. Dá para ver que o rio se estende até ao horizonte, numa e noutra margem há a grandiosa civilização, a indústria e o lazer, talvez desproporcionalmente, sei lá, há também pessoas e carros, mas pequerruchos, o cristo-rei, esse é majestoso, abraça Lisboa e distribui simbolicamente a bênção a quem a quiser receber. Há muito ar. Muito, muito ar, o que me assusta. Tomo as precauções devidas, preparando o corpo e o pensamento, não permitindo que a vacuidade me assuste mais que um poucochinho, que é lá isso. Concentro-me na beleza do lugar, um tudo-nada, só até esquecer a tormenta, tanto não posso exagerar no susto nem na aflição, quanto, desgraçadamente, me autorizo a pousar na felicidade ou na poesia que os belos lugares inspiram. Não. Nestes momentos tenho de ser estanque às coisas más, mas também às coisas boas, manter-me numa linha imaginária onde nada ocorre. Nada. Quem descobriu esse limbo fui eu, escavando, tenteando, sozinha. Alguém me diga quão inteligente sou, por favor. Grata desde já.

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