o sorriso condescendente do rico filho quando lhe acaricio a face escanhoada, depois de lhe entrar no quarto e anunciar num modo teatral e solene 'ó André, venho só lembrar-te a minha presença nesta casa'
a sua disponibilidade em ajudar-me a alcançar algo que está lá em cima, ou que seja muito pesado, quantas vezes sem prévia solicitação, bem como para todo e qualquer favor que lhe peça
responder-me sempre educadamente, friso: sempre
saber que gosta de mim, só não sabe como dizer e pronto, mas demonstra esse amor com as suas atitudes, o que não está errado, de todo, que é lá isso, e é francamente suficiente
dialogar comigo sobre coisas que me importam, mesmo que superficialmente, mesmo que não esteja para aí virado
a alegria da rica filha, as conversas que temos, já tão adultas, somos duas mulheres e portanto falamos do que geralmente falam as do nosso género
o prazer que tem em falar comigo sobre outros assuntos, os ditos sérios e adultos: questões do dia laboral, do coleguismo, bem como das suas amizades
o saber ser amiga, até conselheira da própria mãe, quem diria, sim, a rica filha sabe realmente ser amiga
repito: o saber ser amiga, repito porque ela sabe sê-lo
o amor do Luís
os bons intentos
a atenção
incessantes
incessantes
a loucura da cadela quando chego a casa, que não me larga, tal a dedicação
o modo como se enrosca no sofá, encostada a mim, mesmo que sejam raros esses momentos de me sentar no sofá
outrossim ao acordar, a doidice da bichinha, até parece que não me via há dias
Li Felicidade.
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