sexta-feira, 20 de março de 2015

Vacuidade

A vacuidade da praça lisboeta aflige-me mais do que quero e menos do que deixo. No fundo enfrento-a como todas as outras: mais do que quero, então menos do que deixo. A vacuidade que existe num parque de estacionamento vazio é também aflitiva. É um bocado estranho, uma vez que gosto tanto de largueza, espaços amplos, respirar livremente, e como passo os dias enfiada num lugar cavernoso e atafulhado, o qual me é absolutamente insuportável, seria mais natural esse tipo de espaço transtornar-me e não os que são o seu oposto. Enfim. Combato os meus medos indo buscar algo concreto, a ver se uma presença física, seja lá qual for, de que tipo for, me resgate da loucura. Um dia foi o meu carro, estacionado logo ali, sem mais carros ao lado, atrás, à frente. O meu carro parecia uma ilha, visão que, se eu deixasse, me levaria à tormenta. Não. Desloquei-me normalmente e atuei normalmente - é um carro é um carro é um carro é um carro - abri-o, arrumei as compras no porta-bagagens, enfiei-me no banco da frente, pus um cd a tocar.

You've been acting awful tough lately
Smoking a lot of cigarettes lately
But inside, you're just a little baby


Saio dali, subo, alcanço o cimo, viro à direita para descer.

It's okay to say you've got a weak spot
You don't always have to be on top
Better to be hated than loved, loved, loved for what you're not


Deixo-me ir. Ah, é a descer até casa.

You're vulnerable, you're vulnerable
You are not a robot
You're loveable, so loveable
But you're just troubled


Ao lado direito um novo e enorme edifício. Pessoas. Carros.

Guess what? I'm not a robot, a robot

Gosto tanto mas tanto desta parte:

Can you teach me how to feel real?
Can you turn my power on?
Well, let the drum beat drop
Guess what? I'm not a robot


Casa. O refúgio. Será. Não.



Nota: este vídeo está a bisar, bem sei, mas isso pouco me importa.

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