quarta-feira, 4 de março de 2015

À quarta-feira

:::: O que mais me apetece agora é pôr-me para aqui a enumerar o conteúdo do bolsinho de fora da minha mala, isto tomada de toda a minúcia. Embora aí, então.
# Bloquinho rudimentar. É ali que se encontra sempre; é ali que sempre o encontro; é ali que sempre o coloco. Ao momento tem folhinhas escritas com lembretes ou tópicos ou outra merda qualquer que se lhe queira chamar. Na folhinha de cima diz para não esquecer do açúcar amarelo espalhado no chão.
Era uma vez... Ná, foi ontem, esqueci-me de desenvolver isso, é que vi no chão da rua mais bonita de Lisboa um saco todo estropiado e uma série de géneros alimentares espalhados pelo chão, com as embalagens abertas e derramadas, dentre elas um pacote de açúcar amarelo, exatamente daquele que ainda não comprei e que inclusivamente coloquei na minha lista de faltas e já escrevi duas vezes no blogue. Ai que vontade de o apanhar... Mas também estava aberto e derramado e portanto deixei-me disso. Cá para mim foi um meliante qualquer que arrancou o saco das mãos de uma velhinha qualquer que tinha ido às compras. Pobrezita. Se assim foi, claro. É que pode ser uma coisa qualquer, não é. É.
Nas duas folhinhas a seguir há o lembrete de não me esquecer de desenvolver o assunto da caixinha do meu pai e os seus dizeres manuscritos. Já o tinha efetivamente desenvolvido ontem.
Quarta folhinha, vou-me a ela agora e reza resumidamente assim: 'desenvolver a compra da camisola laranja'. Então é isso, tenho uma camisola nova, cor-de-laranja. Mais em concreto comprei mas foi uma t-shirt. De verão. Espantoso como fico logo mais fina quando envergo apenas uma t-shirt. Tão bom, pá. Mas a t-shirt, então, experimentei-a, gostei dela por demais, que não me aperta nem mamas nem barriga e vai daí fico bem-parecida, que eu cá gosto pouco de andar a espalmar as banhas que tenho. Tem buracos no peito, só por dizer que é forrada por baixo desses buracos e vê-se um desenho qualquer, qualquer, hoje estou um bocado dedicada a esta palavrinha, olarila, mas dizia eu da t-shirt, e assim ao redor da buracada, ou esburacada, tanto me faz, há brilhantes e coiso, que um dia vão cair, com as lavagens, ah pois é, mas paciência, que isso pouco me importa.
Folha número cinco, começo pelo que está escrito mais abaixo e que é 'das borbulhas'. Bom, afinal ontem ainda deu tempo para me dedicar ao assunto, quer isto dizer que se encontra no post anterior, ainda que sucintamente descrito. Mais acima apontei a 'ordem inversa outro lado da rua'. Não me lembro lá muito bem o que queria dizer com isto mas sei que são duas frases e que devia ter posto uma vírgula depois da segunda palavra. Não vou guardar a folhinha, vou copiar este pensamento para uma folha nova e guardá-la, que um dia a musa relembra-me e orienta-me, pelo menos isso acontece algumas vezes.
A sexta folhinha diz 'o mundo a girar, o escorrer da água'. Sei perfeitamente o que quero desenvolver com este tópico, só não sei se hoje tenho tempo e paciência para isso, portanto recoloco a folhinha no seu lugar, tão linda a minha folhinha, e por ora não mexo mais.
# A minha caneta. Não é bonita nem feia. É uma caneta, tem desenhos e publicita uma porra qualquer que não me interessa especificar. É com ela que aponto as coisinhas no lugar da musa e em todos os outros lugares por onde me detenho a escrever e o caraças.
# Eis-me chegada ao porta-chaves... Que por sinal não é meu, é dos meus pais. Pediram-me para fazer duas chaves... A bem dizer não foi assim, eu é que lhes pedi a chave da porta de casa deles para duplicar porque já temos chegado lá de surpresa e é um problema eles ouvirem a gente a bater à porta, assim, pronto, tenho uma chave. Fiz duas porque depois dou outra ao meu irmão, que também se queixa do mesmo. Entregarei a chave original aos meus pais no próximo sábado, que vamos lá em passeio.
# Que venha o próximo! É o pingente do fecho do meu casaco de andar no estaminé. Retirei-o e pu-lo ali porque sim. É tão bonita que um dia idealizei tirar-lhe fotografias assim e assado e desta maneira e daquela. Ainda não o fiz porque me esqueci que andava carregada com aquele pertence tão especial e também porque por enquanto não tenho máquina fotográfica, e não ter máquina fotográfica tira-me a vontade de tirar fotografias, que eu bem sei que me posso despachar com o telemóvel mas não é igual.
# Olha o pacotinho de lenços que afinal não são lenços nem são nada mas são sim são guardanapos que eu dobro meticulosamente primeiro uma vez e segundo duas até atingirem o tamanho do pacote que dantes continha lenços e como não pus vírgulas esta frase ficou incompreensível. Ao momento tenho um só guardanapo, lenço, no pacote. Duas vírgulas. Ah ah.
# Documentos da minha viatura. Documentos da viatura?! Sim, eu ando com os documentos da minha viatura e habitualmente quem conduz nem sou eu nem nada, mas acontece que peguei no carro anteontem e vai daí para ali ficaram. Já agora acrescento que não conduzo todos os dias mas ando à pendura com quem conduz, portanto, havendo necessidade de chegar a mão a estes importantes papéis, estão ali, não é. É.
# Um isqueiro que não é um isqueiro, é uma peça para pôr no isqueiro do carro ou da mota e que serve, este em particular, para carregar baterias de telemóveis. Vamos precisar do dito no próximo fim-de-semana e assim anda já comigo. É mais uma peça para aumentar o peso da minha mala, claro. Que se há-de fazer, não é. É.
# Verniz para pintar as unhas. Bom, este extraordinário pertence far-me-á escrever à farta. Logo mais vou à Carminho arranjar as unhas das mãos e achei por bem trazer um verniz de casa. É que nem sempre me agradam os que ela tem na valise da manicure, de maneiras que escolho um dos meus. É lilás, ou lá que é aquilo, mas é sobretudo lindo, é um tom que tanto fica bem no inverno como no verão, não se comporta de acordo com o sombrio deste tempo que se vive agora, o inverno, nem apela à vivacidade e alegria do verão que aí vem, é uma coisa ali no meio, subtilmente saudosa do tempo quente, vá, é um tom que não choca e é incrivelmente belo. Ontem tinha pensado ah e tal vou tirar fotos do antes & depois. Mas não, que é lá isso. Para já não tenho máquina fotográfica, e portanto não tenho vontade de fotografar como já referi anteriormente, depois tenho as unhas limpas de esmalte mas como estão muito compridas, isto do comprimento é relativo, mas que querem, para mim, estes dois ou três milímetros de unha a sair fora do sabugo fá-las serem compridas, a um passinho de se quebrarem, mas o pior disto, o que me faz desistir do 'antes' fotográfico, não é bem isso, é que as unhas assim tendem a sujar-se facilmente, e portanto ia-se ver um risquinho de sujeiras que quase todas têm por ora, isto por mais que tente limpá-las. Logo à tarde conto tirar então as fotografias do depois, que assim já mim gostar, não é. É.
E completei a lista de pertences que vivem no bolso de fora da minha mala. Isto, hoje, que amanhã quiçá muda ou isso.
:::: Lá em baixo vão figurar duas imagens onde se pode ver uma receita de pão que vinha no pacote de açúcar que ontem mencionei, aquando de me dedicar ao lanchinho de aniversário com a dona Lurdes.
:::: Dia de (disseram na Radio). Hoje é dia de abraçar um militar, da máquina de costura, da matemática e creio que ouvi que é dia de mais coisas mas já não me lembro quais são. Não vou abraçar um militar mas isso é coisa para já ter feito em tempos, não vou costurar mas tenho montes e montes de pena, talvez faça contas de multiplicar, de somar, de diminuir e de dividir. Daí não passa.
:::: E se todas as conversas fossem gravadas? A cru, sem cortes e/ou melhoramentos no que se disse? Estava aqui a pensar que era giro ter gravado as conversas telefónicas em que hoje já participei. Era giro, falando eu sobretudo com quem não me conhece senão a voz, era giro. Esta última conversa foi no sentido de saber se os senhores tais comercializam espuma em flocos, que o meu antigo fornecedor está a protelar o fabrico, vai daí a gente vira-se para outro lado, claro. Mas não é isso o que quero escrever agora, quero escrever desta conversa, do tom com que falo ao telefone, se sou tão simpática como me parece, se me entendem, se me querem ouvir. Sim, estou a falar de trabalho, eu sei, mas é o mesmo, ora caraças, eu sou eu, sou eu no trabalho ou em casa ou na rua. Eu sou sempre eu. Serei.
:::: Um quarto para a uma, quase horas de ir almoçar. Deixei de lado o bom-dia e a boa-tarde que usei no blogue durante meses, se calhar anos. Quis mudar. Quero sempre mudar porque não estou bem em lugar nenhum. Pode ser insatisfação ou desassossego. Prefiro pensar na segunda hipótese, é mais inteligente e até mais poética.
:::: Três e treze da tarde. De volta, pois. Pois, paciência, tenho de me enfiar neste buraco, ou, como costumo dizer: de volta ao lugar soturno.
:::: Afinal o verniz que tenho nas unhas não é o que trouxe de casa, a Carminho tinha um tom tão lindo nas unhas que a plagiei, foi intencional mas quase lhe pedi desculpa por parecer uma catraia sem gosto ou aprumo, e daí o imitar de outras vidas. Ó menina Gina, ora essa, disse ela, então eu não me importo nada com isso.
Tenho então as unhas num lindo tom rosa escuro. Tirei-lhes fotos mas não sei se me vou lembrar de as passar para o computador. Seja lá como for, quiçá me lembre amanhã e amanhã as coloque no blogue, neste post ou no post de amanhã mas sempre lá em baixo, qualquer imagem que apareça neste tipo de escrever que agora tenho aparecerá no fim das letras.
:::: Porque é que estou a criar estes longos posts, supostamente desinteressantes para a maioria das pessoas? Primeiro é porque sim, segundo é porque quero, terceiro é porque considero forçoso arranjar assunto com minudências tão minudentes mas tão minudentes e tão minudentes... que mais me parece que quero mandar as pessoas embora daqui. O cerne está indiscutivelmente nessa questão. Que não tenhais dúvidas. Olarila. Quando disse que sou insocial, era isso mesmo que queria dizer, não é mais nada senão isso. Quero que me deixem sozinha, a solidão liberta-me.
:::: Logo à noite tenho de pôr na minha pen a tal foto do trio de árvores de que falei ontem. Imprimo-a, toscamente, claro, que esta impressora não se mete com grandes imagens, que é lá isso, mas mesmo tosca, mesmo a preto e branco, dará para posteriormente fazer a comparação. A não esquecer: a data da tal foto é vinte e dois de abril de dois mil e catorze. Se conseguir aguentar até fazer um ano sem fotografar o local... Melhor.
:::: Tenho um frio estúpido. É assim como que uma dormência desconfortável à superfície da pele e uma dormência intensa por baixo da pele. É uma sensação horrível, às vezes até parece um fogo, mas frio.
:::: Depois da manicura sobrou um tudo-nada de tempo, pus-me a rodear o mercado para o escoar. Só de pensar em me enfiar neste buraco...
:::: Estou a pensar seriamente em estar dois ou três meses sem publicar os posts rascunhados. Ainda não sei se tenho coragem para isso, se bem me conheço haverá uma altura em que o escondimento me prende ao invés de libertar, portanto passa ao inverso. Foi assim em agosto, aquando do mês e meio em que estive escondida e/mas sempre a escrever. Ao início foi libertador, mais ou menos como está a ser agora, mas depois começa a fazer-me farnicoques ter as merdas que escrevo visíveis apenas para mim. Não há volta a dar, quem escreve gosta de mostrar o resultado da sua criação, há um lado narciso nisto de escrever, ainda que intimamente, como eu.
:::: Quatro e quarenta e dois...
:::: Quatro e cinquenta e quatro, quase hora do lanche, do passeio, da parvoeira que é deambular pelas ruas de Lisboa. Só por dizer que hoje não posso ir. Oh céus.
:::: Tenho alguns planos para o futuro, designadamente efetivar alguns retoques em mim e algumas compras especiais e lembrei-me de os escarrapachar no blogue. Depois, quando acontecerem as compras, escarrapacho novamente, assim como que a fazer pontes entre o que queria retocar e comprar e o que realmente retoquei e comprei.
# Tratar do cabelo, cortar, pintar, hidratar. Não é nada de novo, o que vai acontecer é que será antes do programado. Vou ver o Mimi, vou cansar-me de o ouvir, vou ficar alterada cá por dentro com as suas opiniões e as suas respostas impensadas, vou tentar apaziguar a minha indignação, afinal são apenas três ou quatro vezes por ano que lá vou, isso aguenta-se.
# Encomendar o resto da linha para o rosto. Queria tanto tê-la já aqui... Se bem me lembro o restante é composto por um sérum e um creme para os olhos. Este último bem preciso dele, tenho umas olheiras até ao queixo. O sérum é mais para esticar e levantar um pouco as peles, os meus quarenta e seis anos e oito meses já pesam na pele e ela vai estendendo para baixo.
Tecidos. Eh pá, tecidos, sei lá que tecidos, tecidos, pronto! Várias cores, montes de vestidos, montes de saias, quiçá blusinhas, mais vestidos e mais saias e ainda mais vestidos.
# Ir ver das lentes. Pois, é que nos últimos meses tenho sentido que estes óculos já não são o que eram. Além disso nas últimas semanas tenho escrito imenso, portanto ponho-me frente ao computador muito tempo seguido, isso dá-me cabo da vista. Tenho de lá ir, dá-me a ideia que o estrago é grande, e assim vou ter de mudar de armação também, julgo eu.
# Máquina para fazer bolos. Quando digo máquina para fazer bolos, digo aquelas máquinas xpto. Caríssimas. Multi-funcionais. Enormes. Bolos e pães. Tarteletes. Massas de todo o tipo, portanto. Estou estalando de a ter na minha cozinha, aquilo é que vai ser, caneco...! Até já ando a estudar onde a vou pôr e tudo. Queria vermelha mas ao que parece essa já não é comercializada. Há outras marcas, aquelas marcas que os chefs usam.
:::: O item anterior, o das compras futuras e isso assim, foi sendo escrito ao longo do dia, como a esta hora é que o terminei, pumba, coiso, espeto com ele aqui assim, mais para o fim que outra coisa e acabou a conversa.
:::: Cinco e dezanove, agora. Oh pá... Não posso mesmo ir arejar a cabeça, que chatice. O dia está mais ou menos no fim, afinal de contas não devo levar muito tempo a desopilar daqui.
:::: Mais logo vou ao ginásio. Estou desejando de me mexer daquela maneira, fazer Pilates, encimar a elíptica, como que pedalar, que aquilo é o que parece, muito embora não seja bicicleta.
:::: Achei um piadão a um cliente que acabou de sair. Queria uma ficha tripla mas os tipos que lhe mostrei não lhe agradaram, então rematou o 'negócio' afirmando que ia ali assim ver se havia o que queira, que levar uma daquelas não ia levantar a loja por aí além com uma compra tão pequena. Teve mesmo piada. Ri-me e tudo. O que não é difícil.
:::: Palavras até ao término do item anterior: 2662 (capicua, ah ah); caracteres até ao término do item anterior: 14589.
Isso de eu escrever muito é mesmo verdade. Escrevo muitíssimo.
:::: Até amanhã.
.


Sem comentários:

Enviar um comentário