quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Amanhã

Amanhã é sexta-feira, 13. Olha eu preocupada com a estória do azar, ah ah. Nada disso. Amanhã é um dia cheio de sorte, amanhã vou ficar em casa. Porque sim, há coisas que a gente faz porque sim, diz porque sim. Vou às compras. Na lista estão coisas várias, todas do género alimentício, ou mais ou menos, como por exemplo o papel higiénico, o rolo de cozinha, os guardanapos. Está tudo ligado à comida. Quem diz à comida, diz à boca, diz aos intestinos. Comida - boca – intestinos. Mas dizia eu: amanhã vou às compras, vou lá estar à abertura, acompanhando velhinhos na sua demanda, só mesmo os velhos para se levantarem cedo para irem às compras. Mas dizia eu, vou às compras, trá-lá-lá, venho das compras, trá-lá-lá. Faço um bolo. Um bolo, não, o bolo. Vi num programa da tv fazer um bolo de maçã que, não tendo nada de tão espetacular assim, tem-no à mesma, porque é um bolo de maçã com maçãs dentro do bolo, maçãs por cima do bolo, crumble por cima do bolo, forno a seguir, deixar arrefecer, fazer um corte horizontal, rechear com natas, deitar caramelo em fio por cima do dito. Hum, uau, que coisa mais boa.
De tarde vou limpar a casinha. E talvez veja tv. A bem dizer acho que vou ver tv também de manhã, ao menos um bocadinho, ao menos enquanto bebo o café.
E pronto, a verdade é que este post sou eu a prever o futuro. Isso, sob alguns aspetos, não se faz, a vida é ardilosa, encarrega-se não poucas vezes de me mostrar que não sei porra nenhuma, que não tenho nada de estar a registar que irei fazer isto ou aquilo, que irei fazer desta ou daquela maneira. Mas eu construí este post deste modo porque gosto de escrever, porque gosto de planear a vida doméstica, porque gosto de pensar que amanhã vou ser feliz, muito mais feliz do que agora, porque amanhã não vou estar aqui.

Posta-restante: aqui, no lugar soturno, há mais tempo para escrever. Amanhã, em casa, chegando a noite, jamais encontraria paciência para descrever como fora o dia.

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