terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A viagem da minha vida

A viagem da minha vida pode ser aquela que fiz há dez anos, dois mil e quatro, andei por França em direção a Paris. Foi lindo, experienciei uma série de novidades e houve surpresas maravilhosas, sabia lá eu que França era assim tão cheirosa e arranjadinha.
A viagem da minha vida pode ser aquela que fiz o ano passado, dois mil e treze, revisitei França, mas não nos mesmos lugares e estradas, e também Espanha, Andorra e Itália. Foram quinze dias completamente loucos e invulgares, nunca tinha feito tantos quilómetros em tão poucos dias.
A viagem da minha vida pode ser a primeira vez que andei de mota. A mota era do meu irmão. Eu tinha catorze anos, ele vinte. A viagem não durou mais do que cinco minutos. Para quem conhece o Pinheiro de Loures, imagine a distância que vai da rua do Beco até ao café ao pé da paragem das camionetas que vão para Guerreiros, Ponte de Lousa, Malveira e afora. Cinco minutos, talvez nem tanto. Berrei que eu sei lá. Que medo. O meu irmão ria-se da minha reação infantil. Não havia cá capacetes, qual quê. Apeei-me, cheia de tremeliques. Não me lembro bem mas acho que o meu regresso foi feito a pé.
A viagem da minha vida pode ser a primeira vez que andei de mota com o Luís, há cerca de um ano atrás. Para mim era a primeira vez que andava com ele, e era para aí a quarta ou quinta vez que ele próprio conduzia um veículo daquele género. Foi um bocado irresponsável, inconsciente e inconsequente de ambas as partes, no entanto não poderia ser de outra maneira, tinha de ser naquele momento, senão jamais seria, entretanto a consciência do medo far-se-ia sentir. Ora bem, a minha primeira vez com o Luís foi terrífica. Andar de mota à pendura tem a sua ciência e é preciso um sangue frio difícil de arranjar, a gente não pode contrariar as inclinações do condutor, arriscamo-nos a cair e a aleijarmo-nos seriamente. Descobri nessa altura que, se calhar, e tal, afinal, até nem quero morrer nem nada disso, qual quê, lembro-me de passar rente às frases que eu própria escrevi numa parede:
'Eu não quero viver. E tu?!'
… E sentir que queria tanto mas tanto e tanto viver.

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