quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Sonho

O sonho aflitivo – e recorrente – de quando eu era criança consistia num lugar sem nada a não ser círculos no chão onde eu poderia cair em profundidade, sendo que para tal não me acontecer teria de andar nos espaços entre esses círculos.
O sonho aflitivo – e recorrente – que tenho há muito anos, já depois de adulta, consiste em flutuações, eu a flutuar no espaço, como que desgovernada, o que me apavora.
No outro dia lembrei-me que esta última sensação tem que ver um bocado com o andar de mota. Andar em cima de uma mota como pendura, sem portanto ter o comando nas mãos, é não saber pra que lado vou cair, isso desconforta-me, parece que flutuo, estando à mercê de outras vontades que desconheço. Costumo afastar esta má sensação com o sono ou com a paisagem. De dia funciona a paisagem. De noite funciona o sono. Ser de dia facilita. Ser de noite dificulta. É mais fácil sentir-me em pânico quando viajo de noite.

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