Começa por ser uma mancha avermelhada, e o que sinto é uma ligeira comichão por baixo da pele, que se junta, ou alterna, com uma comichão ainda mais ligeira junto à chicha. Tenho de me conter, não coçar, que a comichão agiganta enormemente se me coço. Espero uns dias, sempre contida, «não posso coçar-me, não posso coçar-me, não posso coçar-me». O lugar da mancha toma contornos mais precisos, a comichão aumenta, começam a ser visíveis uns pontinhos amarelos por baixo da pele manchada, que entretanto escureceu, enrijou e como que encolheu. Passo a unha várias vezes tentando não fazer caso da comichão doentia que essa fricção despoleta. A pele não se solta... Ainda. Aguento-me e aguardo mais uns dias. Depois, há um dia... Há um dia... Há um dia em que olho para a mancha... Que escureceu, enrijou e encolheu ainda mais, sendo agora muito amarelinhos aqueles pontinhos entre as peles, que se soltaram. Finalmente. Felicíssima, meto a unha, levantando a pele seca e grossa que se farta, notando os pontinhos amarelos mas tão amarelos, retiro aquele pedaço de pele, estou tão radiante, oh céus se estou, meto-o entre os dentes da frente e trinco-o gostosamente. Cuspo-o logo de seguida. Acaricio o sítio de onde retirara a dita pele há no máximo dez segundos, é tão macia, tão livre... E eu também.
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