Terminei de ler o livro 'A Rosa do Adro', Manuel M Rodrigues.
Na verdade reli-o.
A primeira vez que o li decorria o verão de 1984, havia ido passar uns dias na casa duma tia, junto à Parede, tia essa que tinha perdido um filho no ano anterior, meu primo, do qual já falei no blogue algumas vezes.
Íamos à praia, claro, de manhã, e à tarde havia descanso. Entretanto, devido ao costume que sempre tive de não ficar quieta muito tempo e porque dormir sestas nunca fez o meu género, inspecionei a casa da minha tia em modo solitário, andei por recantos, observando tudo com olhos de adolescente, sentindo imensamente a falta do meu primo, e eis que dou de caras com este livro, esta mesmíssima capa, numa estante que estava no quarto que pertenceu ao meu primo. Li a história avidamente, com o coração de adolescente, gostei muito, lembro-me de ficar triste com o desfecho da trama, morreram todos, que é lá isso, mas pronto, a vida tem mortes que se farta.
Não é que considere esta história algo de espantoso e original mas acho que por ser escrita num tom poético e os seus personagens serem cheios de nobres sentimentos consegue parecer (-me) uma obra clássica. Para mim foi uma leitura deveras marcante, quiçá devido à minha pouca idade e à descoberta doutros mundos e modos de viver. Ler este livro foi tão especial que sempre o recordei, o que raramente me acontece, sou do género de ler e esquecer a maioria dos livros que leio, sei lá, não tenho memória para tanta coisa ou afinal sou mesmo destrambelhada.
Entretanto, há coisa duns quatro ou cinco anos achei que devia ter a história desta Rosa na minha biblioteca, procurei o romance em livrarias, não encontrei, procurei-o online, encontrei mas com uma capa diferente e isso fez-me desistir. Ao fim dalgum tempo lembrei-me de o procurar em alfarrabistas, depois de abordar vários lá encontrei... 'A Rosa do Adro', com a capa igual ao livro que estava na casa da minha tia, de folhas amarelecidas e carcomidas pelo tempo, há inclusive pó de talco no meio duma ou duas páginas, é portanto muitíssimo antigo. (ver aqui algo da 'história' deste livro e do seu autor)
Nota interessante: o meu pai leu este romance quando era jovem.
Deixo agora um pequeno e comovente trecho.
Li-o há tantos anos que já quase não me lembro de nada, penso que teria esta capa e seria da minha mãe, deve estar algures lá por casa :)
ResponderEliminarSe pesquisares na net vais encontrar coisas engraçadas sobre este livrinho. Como ter sido um best seller do tempo da ditadura, e de que quase todas as casas terem um exemplar.
ResponderEliminarA minha avó tinha e li-o. Na altura adorei, hoje reconheço que é um livro romântico fora de época. Contudo, creio que continua a ser uma leitura bonita para um jovem. Afinal, também devemos ter as nossas leituras de prazer.
Redonda: tens de reler, então, como eu... :)
ResponderEliminarOlinda: no post está um linque onde se fala um pouco do percurso deste romance, li lá que foi usado para fazer um filme e anos mais tarde fizeram um remake, o primeiro remake da história do cinema português.