sexta-feira, 2 de maio de 2014

A rica filha esteve cá

Entreteve-se com um dos livros que para ali estão e vão sendo lidos ao sabor do meu apetite e disponibilidade - Âmbar Sépia Café, Cristiana Veiga Simão.
Contei-lhe que esta publicação é póstuma e que a editora publicou os textos tal como ela os tinha deixado, uns ainda manuscritos, outros no computador, tanto que se lê na nota dos editores: «mantivemos algumas palavras na sua ortografia original, embora esta não seja a mais correta, considerando que a autora o fez propositadamente, dentro de uma perspetiva de experimentalismo poético, a que recorre frequentemente».
– Mãe – Diz a rica filha – Se tu morresses e eu publicasse um livro com as tuas coisas eu ia corrigir tudo o que estivesse mal escrito.
– Está bem, mas não ias alterar o sentido das coisas, não?! - Pergunto, rente ao horror.
– Não, podes ficar descansada.

Hum, ok, vá, tenho asco ao póstumo, chateia-me a ideia dos louvores quando quem os recebe já não está vivo para os escutar e se alegrar, inclusive envaidecer, porque não (?), mas adorei o tempo verbal que a rica filha usou: 'se tu morresses'.
E agora, um poema da escritora e livro de quem se fala neste post, sito na página 62, com 'esquisitices' ortográficas e tudo.

intermitência 16

Nota: Etc..,, a ideia, em parte já escrita é até às 40 intermitências,
Faltam escrever umas vinte e, isto, para o bem a estupidez e o mal
Tem pretensões literárias.

Para mim tenho que reconhecer que as tem.

Independentemente dos resultados,
A mediocridade da minha escrita é-me inaceitável
É óbvio.


C,

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