«Escrever é ignorar a vida - Fernando Pessoa»
Nunca uma frase encontrada por aí me tocou tão profundamente como esta. É mesmo isso, eu escrevo para ignorar a vida estúpida que tenho. Ou seja: também escrevo por isso. Vá, não me venham dizer a minha vida não é estúpida, qual quê, então logo eu que tenho dois filhos saudáveis e educados e ainda por cima lindos, um marido espetacular e até um cão, tudo malta porreira e que me curte à brava. Sei que sim, iludi-me com esse pensamento durante anos, e foi essa espécie de mantra que me fez adoecer de tanto tentar parecer uma pessoa saudável, mas não ser, e por realmente ter tudo quanto é necessário para ser feliz, mas não ser. Escrevo para imortalizar a minha existência, para engrandecer ninharias mas também para ignorar a vida, por esta me ser completamente insuportável como se me apresenta. E era isto.
"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso. (Fernando Pessoa)"
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