sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Tenho um amigo...

… A quem contei entusiasticamente o que senti quando li no 'Diário de Anne Frank' que se não houvesse mais ninguém no mundo ela seria uma pessoa espetacular, um assombro de ser humano. Frisei a questão referindo que aquela parágrafo tinha sido uma verdadeira epifania que ocorrera na minha vida, e eu que nunca me tinha apercebido de tal coisa, e eu que li esse livro há tantos mas tantos anos e mais não sei o quê.
Isto tudo é para dizer que o amigo ainda aguentou os primeiros segundos do meu entusiasmo mas virou a cara para o lado quando ouviu a palavra epifania. Portanto: foi um amigo mal escolhido.

«(...) Quando estou calada e séria, todos pensam que estou a representar uma nova comédia. Para me salvar só me resta dizer uma piadinha. Pior ainda quando se trata da minha família que imagina logo que estou doente e me impinge pastilhas contra as dores de cabeça e o nervosismo, que me toma o pulso a ver se tenho febre, que me pergunta como funciona o aparelho digestivo, para, em seguida, censurar o meu mau génio. Não suporto semelhante coisa. Quando me tratam desta maneira, torno-me ainda mais impertinente, fico triste e, por fim, viro o meu coração do avesso – o lado mau para fora, o bom para dentro – e continuo a procurar um meio para vir a ser aquela que gostava de ser, que era capaz de ser, se... Sim, se não houvesse mais ninguém no Mundo.»

'Diário de Anne Frank'

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