terça-feira, 12 de novembro de 2013

Baú

«Filha

Chama-me filha com modos carinhosos. Tem sempre qualquer coisa a dizer, sendo que diz sempre a mesma coisa. Como estão o marido, os filhos e os velhotes e se tudo vai bem.
Ultimamente tenho reparado nesta existência fugaz e algo transparente. Há pessoas que pela sua simplicidade e o seu ar apagado e contido não possuem nada donde eu retire interesse. Um dia há um clique qualquer... Julgo que seja o prazer em deixar registado presenças que existem na minha vida mas nem por isso façam parte dela.
O mote para estas linhas que escrevo foi o facto de ela me chamar sempre filha, com um carinho despretensioso. Talvez seja essa a sua marca. É uma marca pouco profunda que encontrei sem pesquisar. Aconteceu. Clique.
Sempre há um colorido sobressaindo dum cinzento apagado, um pontinho de luz reluzindo em alguém fracamente iluminado. Que não se menospreze ninguém.
!24 de janeiro de 2012|»

Encontrei por acaso o texto acima. Hoje. Li-o avidamente e é sem pudor que uso as minhas próprias palavras para ver se animo, se a coisa se compõe. Encontrar pontinhos cintilantes em tudo quanto observo é o que mais notoriamente caracteriza a minha escrita, mas ultimamente sinto-me aquém desse estágio maravilhoso, ou como que inútil e imprestável para escrever.
Pontinhos cintilantes... Se perder essa capacidade, morrerei.

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