É noite. Bolas, pá, agora já é noite. Daqui parece que a varanda é imensa, quadrada. Avisto uma janela que se confunde com a enorme porta mesmo ao pé de mim. Estou baralhada, já é noite. Traseiras, luzes. Traseiras, só posso imaginá-las, inventá-las. O telejornal retrata desgraças ou incidentes e mais nada. Que seca. O gatinho tem um poleiro. O gatinho é solitário e medricas. O espaço é muito, não há livros, há fotos mas poucas e aglomeradas, de resto paredes compridas e vazias. Há tv, móvel para a tv, o telejornal fala e diz e comenta. Há sofá largo com espreguiçadeira e tudo. Mas a vista... Ah, a vista: há luzes porque é de noite, agora já é noite. É Lisboa.
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