segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Três pessoas vulgares e uma outra muito importante

Responde que mora na rua Carolina Micaëlis.
Faz espanto e pergunta quem é essa gaja.
Diz que sabe lá.
Comenta que deve ser alguém do Porto, que também anda por lá esse nome.
Mete-se na conversa, andou numa escola com esse nome.
Concorda que sim senhora, mas manda para o ar a pergunta onde era e tal.
Refere eloquentemente que era uma senhora de descendência alemã, jornalista ou escritora, já não recorda com exatidão, e que no primeiro ano de escola teve de ouvir a história.
Detém-se com atenção.
Anuncia que a escola deixou de existir... Mas não levou com ela as recordações.

Às vezes vou lá acima com a cadela e aproveito para ver aquilo. Acabo por ver lugares que hoje não têm o mesmo significado, como por exemplo o caminho mal-amanhado que eu quis encurtar e escorreguei e me enlameei toda, hoje não tem nada a ver. Está lá a nascente, o lugar é húmido que só visto, os arbustos certamente são os mesmos, a subidinha onde me besuntei de lama não difere tanto assim, mas eu difiro em muito, tenho mais trinta e cinco anos e estou mais alta uns vinte centímetros.

Nota: Biografia de Carolina Micaëlis, ver aqui.

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