segunda-feira, 28 de outubro de 2013

De quando os donos chegam a casa

Ainda não contei da cadela toda maluca quando a gente chega, pelo menos ainda não estendi o assunto. Então é assim:

Cadela ouve o elevador e ainda dentro de casa manifesta-se entusiasticamente.
Dona responde fazendo ‘béu béu’ ou chama ‘bicho-cão’, é conforme os apetites. Dono diz ‘ó minha maluca’ ou ‘ó nina’, é conforme os apetites.
Cadela ladra lá de dentro enquanto se rebusca a chave.
Dona vai dizendo as tais coisas. Dono idem.
Cadela continua o ladrar entusiástico, como quem chama.
Abre-se a porta, escancara-se e a cadela salta de lá com grande ânimo, farejando os dois donos à vez ainda no átrio.
Dona muda o miminho para ‘mi-tu-tu’. Dono vai dizendo ‘olha pa ela, olha pa ela’.
Cadela corre. Não, não é bem assim, é antes: cadela corre desaustinadamente. Está tão feliz que geme e o gemido parece uma lamúria.
Donos vão fazendo festinhas e dizendo as mimalhices referidas acima.
Cadela atenta num dono de cada vez elevando as patas, gemendo com o prazer da sua chegada, lambendo onde a deixam lamber, farejando os sacos, atentando num dono de cada vez, farejando os sacos, atentando, farejando.
Donos e mimalhices e blás.
Cadela corre da cozinha ao quarto e do quarto à cozinha incessantemente, nove metros são percorridos num instante, para aí em três segundos. Tapetes são arredados à sua passagem. Ali pelo meio ainda há farejos e lambedelas para os ricos filhos que normalmente já estão em casa.
Todos os dias temos uns cinco minutos de alegria e excitação imensas para acalmar.

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