Pus os indicadores dentro dos ouvidos para sentir o pulsar do meu coração. Deixei-me estar quietinha e caladinha e procurei o bombear cadenciado. Procurei o bombear descompassado. O desnorteado. Um som a fazer bão-bão. Nada. Ouvi tripas e veias, algo como um rufar de tambores longínquo. Em suma: ouvi tráfego que me passava a certidão de vida, mas não ouvi o bão-bão do meu coração. Há vida nas tripas e nas veias e para me sentir normal vi-me forçada a inventar um bater de coração, que uma pessoa tem de se saber viva. Inventei um, ouvi-o e tudo. Sirvo para inventar a vida, ultimamente.
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