quarta-feira, 29 de maio de 2013

Eu

Eu? Estou no miau a ver passerelles da marca ferrosa, que é do Norte. As roupas são caras, bonitas. Simples mas glamorosas. Há café atrás de mim e frio à minha volta.
Eu? Estou no banco curvo, na chaise longue, que é como quem diz: cadeira comprida, só por dizer que isto não é uma cadeira, é um banco.
Eu? Estou no supermercado, daqui a nada, agora ainda não. Vou cheirar o peixe e mexer nos pacotes de massa.
Eu? Observo minuciosamente o placar do café. Diz que há bica curta e cheia. Escaldada, italiana, cimbalino, sem princípio. (Bica sem princípio não sei o que é, a ver se pergunto a um perito.) Abatanado. E há café sem cafeína para os amantes de café falso, café que não o é, café adulterado, café que não palpita. Credo, oh céus, a ideia de beber um descafeinado é como necessitar grandemente de ritmo sexual e apenas dispor dum vibrador com as pilhas fracas.
Eu? Mudei de chaise longue. Aqui não se respira melhor. Recosto-me. Vejo têxteis doutras cores, talvez mais vibrantes.
Eu? Sonho com um mundo meu. Quando digo meu, é meu e meu, meu de verdade.

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