sexta-feira, 24 de maio de 2013

De visita

Gosto de visitas. Pode não parecer, sei que não parece, mas gosto. De fazer o bolo e de preparar tudo atempadamente. Sei que não parece nada. Tenho a marca de não ser. Depois sinto-me um bocado sozinha. Não sou sozinha. Não sou. E vou passear sozinha e gosto de andar sozinha, eu gosto é de andar sozinha, procuro andar sozinha. E entristeço, e sou triste sem querer sê-lo, que parecê-lo não pareço, tenho a marca de não ser. Parecer, quero eu dizer. E descrevo vidas. Tenho o blogue, um blogue faz-de-conta que é companhia, canso-me das vidas que crio e volto ao umbigo. E ando para aqui a chafurdar nos pensamentos e chego à morte e às coisas do medo e não tenho medo nenhum. Estranhamente. Não tenho, não. Se eu estiver a escrever não tenho medo nenhum. Tenho medo de escrever mas se estiver a escrever não tenho medo nenhum. Porque quando estou a escrever acho que não sei escrever. Porque tenho medo de escrever quando acho que o sei fazer capazmente. E não tenho amigos mas eles vêm cá a casa almoçar. E não me são iguais. Eu não tenho medo e digo coisas da morte. Eles não me entendem, ou pior: não querem entender. Não quero morrer. Ou seja, quero morrer mas não me quero suicidar. Eu disse que não tenho medo de dizer coisas. Eu não quero morrer porque se o inferno existe então eu vou lá parar, sou ruim. Eu não quero esse conhecimento. Quando sabemos os segredos não ficamos melhores, antes piores. Piores. E não é pouco. O conhecimento traz aflição. E não é pouca. Gosto de visitas. Conhecidos ou isso, que eu cá não tenho amigos. E acho que me estou a repetir, como no post anterior. E acho que estou a escrever no mesmo tom. Estilo. Tom. Tom é mais bonito. E coisas daqui, sem me repetir, é difícil.

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