terça-feira, 21 de maio de 2013

Cena laboral

Teclo no telefone: 21e+7algrsm.
Túú... Túú... Túú...
O meu colega atende e eu desbobino.

Sabes aquela senhora estrangeira que mora no prédio dum senhor que se baba muito e anda todo torto na rua, que tu até foste montar uma fechadura na casa dele e depois ela queixou-se do barulho a fechar e a abrir que ecoava pelo prédio inteiro?
Não.
É aquela que está lá fora a trabalhar, ela e o marido e tem dois filhos doutores, um nos EUA e outro no Canadá, sabes?
Não.
Pronto, ok, eu sei que não preciso contar a história toda nem tu precisas de a ouvir mas... Tens alguma coisa para fazer?
Não.
Ok, vês? Então olha lá: é uma mulher com sotaque alemão ou lá que é, assim alta e de olhos claros, que a gente olha e vê logo que é estrangeira, mora mesmo ao lado do mercado, sabes?
Não.
Hum, ok, então é assim: a amiga dela ficou-lhe de guarda às caixas do correio, são três, que a bicha tem três andares nesse prédio, vê lá tu. A amiga só anda com a chave duma caixa e nessa caixa tem uma bolsinha com as chaves das outras duas caixas. Tinha. Roubaram a bolsa. Esteve aqui toda aflita e contou-me a história toda. Tens de mudar as três fechaduras. Hoje. Se faz favor.
Está bem, se é para fazer é para fazer.

(Que fofo, sempre lá para mim e para as aflições alheias...)

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