Avisto a dona Marília saindo do café mais conhecido de Lisboa. Decerto acabou de se lamber com a sopinha de grão, costume diário. Quero dizer: a sopa difere, o costume não. E também não sei se era sopa de grão, só achei que ficava bem na cor do blogue. Depois de mirar ambos os sentidos de tráfego com o olhar pousado num infinito imaginário, vejo-a estacar à beira da estrada, bem longe dos semáforos, e fazer os gestos de quem quer atravessar ali. E atravessa ali, longe do sinal seguro, titubeando pela quase cegueira e pelas dores nos ossos e nas linhas do corpo. Mexe-se mal, vê mal… Mas atravessou a avenida, inclusivamente houve tempo para levantar o pé e transpor a divisória. Ilesa. Lá se chegou ilesa a casa, depois de atravessar mais umas ruas e ruelas é que não sei, nunca mais a vi…
Sem comentários:
Enviar um comentário