Fiz um diário, para não estar sempre a publicar coisinhas e mais coisinhas acerca de como me sinto relativamente aos textos perversos que andei a escrever para o desafio ‘7 Pecados’ da editora (Pastelaria Studios Editora). Assim ficam todas as coisinhas e mais coisinhas num só post e pronto.
Enviei finalmente um texto. Afinal foi só um, pois é. Já está onde é suposto. Agora é esperar. Não estou lá muito confiante para não ficar desapontada caso fique de parte. Claro que gostava de integrar o projeto. Mas não penso no 'sim' ou no 'não' para não me desmotivar futuramente.
Eis o diário:
24 de abril. O impulso que senti ontem foi embora. Eu não sei escrever. Tudo se amontoa. Primeiro na minha cabeça, depois no ecrã do computador.
25 de abril. É feriado. Andei a tratar do blogue, descurei a feitura doutras escritas. Não avancei lá muito, não.
26 de abril. Estou com a sensação de que era mais feliz se não escrevesse. Isto de escrever dá-me conta da tola…
Tenho de apontar o seguinte: a minha vida de escrevente pode ser absurda -> em simultâneo ouço uma conversa acerca de espiritualidade e escrevo pecaminosamente, tentando embrenhar-me no imprestável. Que giro.
27 de abril. É sábado, tenho tido o computador ligado e vou escrevendo uma palavrita ou outra por entre roupa suja e louça lavada e pano do pó e balde e esfregona. Mas não posso dizer que tenha adiantado muito as minhas histórias.
28 de abril. Já alguém preparou um café além da conta habitual na esperança de conseguir escrever coisas alinhadas? Como se a cafeína trouxesse inspiração? Clareza e despacho? Hum? Já?!
É domingo, tenho mais tempo livre. Já dei o passeio matinal com a cadela e tudo.
O computador está ligado. Escrevo. Ou escrevinho. Adianto a minha história com o ímpeto e o poderio de quem sabe escrever. Sim, tenho a mania que sei escrever, hoje tenho. Sim, é só uma história. Já estou conformada: não conseguirei enviar mais do que uma. A menos que estiquem o prazo, ou façam dois volumes da obra, que segundo o zunzum lá no fuças andam a pensar nisso.
Hoje adiantei bastante, a minha ideia está alinhada, falta apurar. Em certa altura pareceu-me que ia conseguir enviá-la hoje. Mas não. É melhor dormir sobre os preparos do presente. Amanhã. Futuro. A esperança está no porvir.
29 de abril. Ai que saudades do meu blogue. Quero escrever da dona Lurdes. Quero escrever do dia. Da porta do prédio. Dos clientes.
A minha história não tem jeito nenhum. Qual esperança no porvir, qual quê. De manhã deparei-me com a minha obra e… Eu não sei escrever, ‘migos. O texto parece um monte de baboseiras por si só e que consegui estupidificar por minha vez. Porra para isto de escrever.
É meio-dia e um quarto. Tenho 3 páginas de história onde figuram 1661 palavras. Era giro parar agora, por causa da capicua.
12:36 – 1703 palavras.
30 de abril. É manhã, ainda. Já andei de roda do texto. 1696 palavras, agora, acabei o dia de ontem com 1703. Às vezes tem de se retirar palavras ou frases, porquanto adquirem um estatuto reles, quiçá se influência do momento, se da escrevente.
Até ontem nunca me tinha lembrado de me pôr para aqui a contar palavras e o caraças. Mas é giro, dá pica.
Estive incontáveis minutos a escrever mas na minha cabeça só passaram para aí uns cinco. Estava na vacuidade que eu própria criei, no mundo que inventei, por isso o tempo passou e não passou.
Na pausa habitual para a leitura não consegui ler, há montes de tempo que isto não me acontecia.
Podia arranjar nomes fofinhos para as minhas personagens mas optei por nomes antiquados para criar contraste. Intento conseguido? Jamais saberei.
Criar contraste para quê? Para pontilhar/vivificar/abrilhantar o que pode ser linear; para que não haja planícies a perder de vista, não vá o leitor adormecer ou isso.
Registo agora frases que retirei do texto por considerá-las a mais. Como decerto largo a chorar se eliminar estas criaçõezinhas, melhor será deixá-las no blogue.
«… Único e irrepetível, por favor, que o ‘mais do mesmo’ e o ‘outra vez’ acaba com a beleza dos caminhos.»
«Se bem que neste momento se encontre um tudo-nada confusa com o lugar pecaminoso onde chegou…»
«Pouco lhe importa que ninguém repare, não tarda aflorarão todos esses sentires, ela sabe o quanto os movimentos circulares duma boca e um vaivém de língua excita o corpo de quem lhe notar esses gestos.»
Onze e tal da noite. Acabei de enviar o meu texto. Não divulgo quantas palavras tem, era o que faltava, quem quiser que as conte. Estou cheia de nervos. Credo. Eu escrevi coisas. Oh céus.
Tenho andado um pouco afastado, quase a 7.000 Kms. Voltei e, hoje, já li um bocado, amanhã volto para tentar ficar em dia, o que é difícil.
ResponderEliminarAté lá um beijo
Dos 7 textos que escrevi só fiquei contente com 3. Os 3 primeiros... Espero que não escolham um dos outros.
ResponderEliminarJulgo que fiquei em dia!
ResponderEliminarIrreverente como sempre!
Um beijo