quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Um momento em Lisboa

Lisboa, 23 de janeiro de 2013

Estou num quarto andar dum número qualquer sito numa rua que não interessa para nada. Só a cidade importa: Lisboa, a linda Lisboa. É noite. Há janelas com vida; iluminadas, telhados esconsos com águas-furtadas. Vejo uma enorme biblioteca sem ninguém zanzando, um moinho saloio no telhado, como que em adorno, mesmo junto ao beiral. Que coisa esquisita, que contraste mais assaloiado... Lá ao fundo há um prédio mais alto que os outros todos, no último andar a janela é larguíssima, sem cortinas, vê-se o candeeiro suspenso e as costas duma cadeira de estilo antigo.
E eu?
Eu escrevo este texto na minha cabeça.
Se o pensei assim?
Não.
Há memórias que se evadem, outras que se contraem e depois se expandem, ganhando uma vida que difere em muito dum pensamento corrente e veloz.
Cenas da minha vida, é o que é.
Se faço uma escolha criteriosa de palavras?
Sim, sou escritora.
Mas se fizer um documento oficial também escolho os termos. Menos disto e mais daquilo. É uma questão de ritmo, ser escritora passa pelo diverso, obviamente sou forçada a convir que sou capaz de escrever, não importa o quê, muito embora pese o modo como escrevo. Há quem lhe chame arte. Seja. Eu assumo, o escrever é-me fácil, apraz-me de sobremaneira e ilude-me no bom sentido.
Se uso subtileza na escrita?
Eh pá... Sim.
Se alguém entende os meus textos?
Não sei.
Não posso deixar que me morram as dúvidas, depois escrevo o quê, se viver acertadamente não é o meu forte?

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