sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Ao tempo que não falava da tristeza*

*(conscientemente)

«Sou tão livre quanto um passarinho que constrói o seu ninho dentro duma gaiola fechada cujo trinco se abre apenas por fora.»

Um senhor telefonou para me apresentar um cartão de crédito, neste momento há uma promoção fantástica, com montes de prémios e facilidades e mais não sei o quê. Avisou-me que a conversa estava a ser gravada e iniciou um questionário com as perguntinhas do costume: nome, local de residência, idade, aqui uma grande manobra devido ao eventual melindre que poderia causar essa perguntinha e, finalmente, a profissão. Depois de saber esta última questão, pergunta ele:
– Gosta do que faz?
Eu ia toda lampeira dizer que não, o homem não me conhece, pouco me importa o que pensa, não o estou a ver e dificilmente o ouvirei novamente. Mas não consegui, lembrei-me que a conversa estava a ser gravada...
– Eh pá...
Ele riu e lança uma espécie de evasiva:
– Hum, temos de fazer alguma coisa, não é?
Correspondi à simpatia do homem, rindo, e concordei:
– Pois...
A conversa seguiu e embateu na remuneração. E a remuneração deitou por terra a possibilidade de obter um cartão de crédito.
O cartão de crédito é uma das invenções mais estúpidas do Homem, só existe para quem tem dinheiro, e quem tem dinheiro não precisa dum cartão de crédito.

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