Chove em Lisboa. A dona Lisete está sentada numa cadeira da cafetaria, como que ausente, tem no rosto o peso dos anos e a inconsciência do presente. A dona Linda, a senhora que a acompanha nas horas mortas em que familiar nenhum pode dar atenção, faz o que pode para aliviar a velha das maleitas próprias da idade, o que significa que não faz nada, limita-se a estar ali, de vigília.
Dona Linda espirra três vezes, qual gongo do acaso. A velha acorda do torpor da idade, levanta-se e quer sair dali. Dona Linda levanta-se de um salto, fungando, adverte-a que 'ainda não é hora, agora chove, dona Lisete'.
Dona Lisete volta a acomodar-se. Dona Linda idem. E essa chuvinha chata que não pára...
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