sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ao ritmo

O fascínio que o tempo e os relógios exercem sobre o ser humano é devido a algo intrínseco. O tempo representa uma cadência precisa, o que se assemelha ao batimento cardíaco. Assim fica-se igual, a solidão já não apoquenta. Para algumas pessoas o relógio significa o controlo do tempo, ilusório, por sinal, que o tempo não se controla, nem se detém.
Há outras cadências: a música, o matraquear dum qualquer motor, o mar, a sucção: deslumbram, divertem ou saciam; o pingo da torneira, o tiquetaque do relógio, o tamborilar de dedos, o fungar e/ou o pigarrear constante: desorientam, irritam ou enlouquecem.
Há outra questão que quero registar: quando as pessoas estão deprimidas em elevado grau têm tendência para balançar o corpo e arrastar os pés, rebuscam a cadência, portanto, o que me leva novamente à questão do intrínseco, vai-se ao interior, procurando o núcleo, como se esses ritmos e sons trouxessem a bonança. E trazem.
Há também, e por último... Último porque já não lembro mais ritmo nenhum... O ritmo sexual. E o melhor que tenho a fazer neste momento é abandonar timidamente esta ideia espetacular relacionada com cadências e interiores porque não encontro poesia no ritmo sexual. O sexo não pertence ao espírito, é animalesco, irracional, orgânico.
Ah, já agora: os ritmos desta vida são prazerosos ou então não. E é só. Ou devia ser só, eu cá tenho a mania de querer explicar questões que não se explicam.

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